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ASPECTO CIENTÍFICO DA DOUTRINA

  • svdee1
  • 7 de out.
  • 9 min de leitura

Atualizado: 17 de out.

ENTENDIMENTOS

Muitos acham que a oposição da ciência a alguma ideia, se não é prova é forte indício de inverdade. O Espiritismo respeita a ciência e não se insurge contra ela. Entretanto, observa que as opiniões científicas não podem ser tomadas por sentenças irrevogáveis em todas as circunstâncias indiscriminadamente. (1)

A ciência se dedica à observação material dos fatos para sua crítica e explicação. Isso permite que surjam as mais diversas opiniões, onde cada um se esforça pra fazer prevalecer a sua. Todos os dias, as mais opostas opiniões ora são aceitas, ora rejeitadas, às vezes voltando a ser aceitas, agora como verdades incontestáveis. Os fatos é que são argumentos incontestes; na ausência destes, cabe a dúvida no homem que é ponderado. (2)

Com relação às coisas conhecidas, a opinião dos cientistas é fidedigna, pois eles sabem muito mais e melhor do que os leigos. Mas, no tocante a coisas desconhecidas, a opinião deles é também hipotética como a de qualquer outro, estando sujeita igualmente a preconceitos. Inclusive, talvez o sábio tenha mais prejuízo no seu entendimento do que os demais, pois há uma propensão natural a subordinar tudo à sua área de estudo; quem se faz especialista prende todas as suas ideias à especialidade que adotou. Por isso, Kardec disse que não tinha “em melhor conta suas opiniões negativas acerca do Espiritismo, do que o parecer de um arquiteto sobre uma questão de música.” (3)

As ciências comuns apoiam-se nas propriedades da matéria, as quais se pode experimentar e manipular livremente; os fenômenos espíritas, são ação de inteligências dotadas de vontade própria, que não se acham subordinadas aos nossos caprichos. As observações não podem, portanto, ser feitas da mesma forma; requerem condições especiais e outro ponto de partida. Querer submetê-las aos processos comuns de investigação é estabelecer analogias que não existem. Por exemplo: Dissecando o corpo humano, o anatomista procura a alma e, porque não a encontra como encontra um nervo, ou porque não a vê evolar-se como um gás, conclui que ela não existe; um ponto de vista exclusivamente material. Por isso, a ciência é incompetente para dar a última palavra quanto ao Espiritismo e o seu julgamento, favorável ou não, não deve ter peso. O Espiritismo não é da alçada da Ciência. (4)

Kardec pensava que estava perto da crença espírita se tornar comum entre as massas e que, quando isso acontecesse, os sábios se renderiam às evidências. Antes disso, seria inútil fazer a ciência ocupar-se desses assuntos, pra ela estranhos. E lembrava aos cientistas opositores da Doutrina que muitas grandes ideias haviam sido ridicularizadas ao serem expostas pela primeira vez, para depois ser reconhecida sua genialidade; e que isso aconteceu entre pares, dentro das próprias academias cheias dos maiores sábios do mundo, que se ocupavam e conheciam aqueles assuntos; logo, era de se esperar o mesmo de um fato totalmente novo. (5)

Kardec também dizia que esses erros não desmereciam os títulos ou o respeito devido aos grandes nomes da ciência. E que nem todos os homens de bom-senso estavam dentro da ciência ou portavam algum diploma. Entre os adeptos da Doutrina Espírita não se encontravam somente ignorantes e simplórios. O caráter e o saber de muitos dos adeptos avalizavam as proposições espíritas; se eles se convenceram, é porque algo havia ali. (6)

Já que os fatos não se reduziam ao movimento mecânico dos corpos, a indagação da causa física desse fenômeno não caberia ao domínio da Ciência; tratando-se de uma manifestação fora das leis da Humanidade, ela não competia à ciência material, visto não poder explicar-se por algarismos, nem por uma força mecânica. E quando surge um fato novo, que não guarda relação com alguma ciência conhecida, o sábio, para estudá-lo, tem que abstrair da sua ciência e reconhecer que constitui um estudo novo, impossível de ser feito com idéias preconcebidas. (7)

O homem que julga a sua razão infalível está bem perto do erro, pois até aqueles cujas idéias são as mais falsas se apóiam razão deles e rejeitam tudo o que lhes parece impossível; os notáveis que outrora repeliram as admiráveis descobertas de que a Humanidade se honra, todos apelaram à sua própria razão para repeli-las. O que se chama razão é muitas vezes orgulho disfarçado e quem quer que se considere infalível apresenta-se como igual a Deus. (8)(9)

A ciência espírita compreende duas partes:

- Experimental - Relativa às manifestações em geral;

- Filosófica - Relativa às manifestações inteligentes. (10)

Para a prova da existência de Deus, os Espíritos autores utilizaram um axioma de nossa ciência: Não há efeito sem causa. Para crer-se em Deus, basta olhar as obras da Criação. O Universo existe, logo tem uma causa. Duvidar da existência de Deus é negar que todo efeito tem uma causa e crer que o nada pode criar alguma coisa. (11)


FONTES

Livro dos Espíritos, Introdução, "Ao Estudo da Doutrina Espírita VII"

(1) Para muita gente, a oposição das corporações científicas constitui, senão uma prova, pelo menos forte presunção contra o que quer que seja. Não somos dos que se insurgem contra os sábios, pois não queremos dar azo a que de nós digam que escouceamos. Temo-los, ao contrário, em grande apreço e muito honrado nos julgaríamos se fôssemos contado entre eles. Suas opiniões, porém, não podem representar, em todas as circunstâncias, uma sentença irrevogável.

(2) Desde que a Ciência sai da observação material dos fatos, em se tratando de os apreciar e explicar, o campo está aberto às conjeturas. Cada um arquiteta o seu sistemazinho, disposto a sustentá-lo com fervor, para fazê-lo prevalecer. Não vemos todos os dias as mais opostas opiniões serem alternativamente preconizadas e rejeitadas, ora repelidas como erros absurdos, para logo depois aparecerem proclamadas como verdades incontestáveis? Os fatos, eis o verdadeiro critério dos nossos juízos, o argumento sem réplica. Na ausência dos fatos, a dúvida se justifica no homem ponderado.

(3) Com relação às coisas notórias, a opinião dos sábios é, com toda razão, fidedigna, porquanto eles sabem mais e melhor do que o vulgo. Mas, no tocante a princípios novos, a coisas desconhecidas, essa opinião quase nunca é mais do que hipotética, por isso que eles não se acham, menos que os outros, sujeitos a preconceitos. Direi mesmo que o sábio tem mais prejuízos que qualquer outro, porque uma propensão natural o leva a subordinar tudo ao ponto de vista donde mais aprofundou os seus conhecimentos: o matemático não vê prova senão numa demonstração algébrica, o químico refere tudo à ação dos elementos, etc.

Aquele que se fez especialista prende todas as suas idéias à especialidade que adotou. Tirai-o daí e o vereis quase sempre desarrazoar, por querer submeter tudo ao mesmo cadinho: conseqüência da fraqueza humana. Assim, pois, consultarei, do melhor grado e com a maior confiança, um químico sobre uma questão de análise, um físico sobre a potência elétrica, um mecânico sobre uma força motriz. Hão de eles, porém, permitir-me, sem que isto afete a estima a que lhes dá direito o seu saber especial, que eu não tenha em melhor conta suas opiniões negativas acerca do Espiritismo, do que o parecer de um arquiteto sobre uma questão de música.

(4) As ciências ordinárias assentam nas propriedades da matéria, que se pode experimentar e manipular livremente; os fenômenos espíritas repousam na ação de inteligências dotadas de vontade própria e que nos provam a cada instante não se acharem subordinadas aos nossos caprichos. As observações não podem, portanto, ser feitas da mesma forma; requerem condições especiais e outro ponto de partida. Querer submetê-las aos processos comuns de investigação é estabelecer analogias que não existem. A Ciência, propriamente dita, é, pois, como ciência, incompetente para se pronunciar na questão do Espiritismo: não tem que se ocupar com isso e qualquer que seja o seu julgamento, favorável ou não, nenhum peso poderá ter. O Espiritismo é o resultado de uma convicção pessoal, que os sábios, como

indivíduos, podem adquirir, abstração feita da qualidade de sábios. Pretender deferir a questão à Ciência equivaleria a querer que a existência ou não da alma fosse decidida por uma assembléia de físicos ou de astrônomos. Com efeito, o Espiritismo está todo na existência da alma e no seu estado depois da morte. Ora, é soberanamente ilógico imaginar-

se que um homem deva ser grande psicologista, porque é eminente matemático ou notável anatomista. Dissecando o corpo humano, o anatomista procura a alma e, porque não a encontra, debaixo do seu escalpelo, como encontra um nervo, ou porque não a vê evolar-se como um gás, conclui que ela não existe, colocado num ponto de vista exclusivamente material. Segue-se que tenha razão contra a opinião universal? Não. Vedes, portanto, que o

Espiritismo não é da alçada da Ciência.

(5) Quando as crenças espíritas se houverem vulgarizado, quando estiverem aceitas pelas massas humanas (e, a julgar pela rapidez com que se propagam, esse tempo não vem longe), com elas se dará o que tem acontecido a todas as idéias novas que hão encontrado oposição: os sábios se renderão à evidência. Lá chegarão, individualmente, pela força das coisas. Até então será intempestivo desviá-los de seus trabalhos especiais, para obrigá-los a se ocuparem com um assunto estranho, que não lhes está nem nas atribuições, nem no programa. Enquanto isso não se verifica, os que, sem estudo prévio e aprofundado da matéria, se pronunciam pela negativa e escarnecem de quem não lhes subscreve o conceito, esquecem que o mesmo se deu com a maior parte das grandes descobertas que fazem honra à Humanidade. Expõem-se a ver seus nomes alongando a lista dos ilustres proscritores das idéias novas e inscritos a par dos membros da douta assembléia que, em 1752, acolheu com retumbante gargalhada a memória de Franklin sobre os pára-raios, julgando-a indigna de figurar entre as comunicações que lhe eram dirigidas; e dos daquela outra que ocasionou perder a França as vantagens da iniciativa da marinha a vapor, declarando o sistema de Fulton um sonho irrealizável. Entretanto, essas eram questões da alçada daquelas corporações. Ora, se tais assembléias, que contavam em seu seio a nata dos sábios do mundo, só tiveram a zombaria e o sarcasmo para idéias que elas não percebiam, idéias que, alguns anos mais tarde, revolucionaram a ciência, os costumes e a indústria, como esperar que uma questão, alheia aos trabalhos que lhes são habituais, alcance hoje das suas congêneres melhor acolhimento?

(6) Esses erros de alguns homens eminentes, se bem que deploráveis, atenta a memória deles, de nenhum modo poderiam privá-los dos títulos que a outros respeitos conquistaram à nossa estima; mas, será precisa a posse de um diploma oficial para se ter bom-senso? Dar-se-á que fora das cátedras acadêmicas só se encontrem tolos e imbecis? Dignem-se de lançar os olhos para os adeptos da Doutrina Espírita e digam se só com ignorantes deparam e se a imensa legião de homens de mérito que a têm abraçado autoriza seja ela atirada ao rol das crendices de simplórios. O caráter e o saber desses homens dão peso a esta proposição: pois que eles afirmam, forçoso é reconhecer que alguma coisa há.

(7) Repetimos mais uma vez que, se os fatos a que aludimos se houvessem reduzido ao movimento mecânico dos corpos, a indagação da causa física desse fenômeno caberia no domínio da Ciência; porém, desde que se trata de uma manifestação que se produz com exclusão das leis da Humanidade, ela escapa à competência da ciência material, visto não poder explicar-se por algarismos, nem por uma força mecânica. Quando surge um fato novo, que não guarda relação com alguma ciência conhecida, o sábio, para estudá-lo, tem que abstrair da sua ciência e dizer a si mesmo que o que se lhe oferece constitui um estudo novo,

impossível de ser feito com idéias preconcebidas.

(8) O homem que julga infalível a sua razão está bem perto do erro. Mesmo aqueles, cujas idéias são as mais falsas, se apóiam na sua própria razão e é por isso que rejeitam tudo o que lhes parece impossível. Os que outrora repeliram as admiráveis descobertas de que a Humanidade se honra, todos endereçavam seus apelos a esse juiz, para repeli-las. O que se chama razão não é muitas vezes senão orgulho disfarçado e quem quer que se considere infalível apresenta-se como igual a Deus...

Livro dos Espíritos, Introdução, "Ao Estudo da Doutrina Espírita XVII"

(9) O cepticismo, no tocante à Doutrina Espírita, quando não resulta de uma oposição sistemática por interesse, origina-se quase sempre do conhecimento incompleto dos fatos, o que não obsta a que alguns cortem a questão como se a conhecessem a fundo. Pode-se ter muito atilamento, muita instrução mesmo, e carecer-se de bom-senso. Ora, o primeiro indício da falta de bom-senso está em crer alguém infalível o seu juízo. Muita gente também há para quem as manifestações espíritas nada mais são do que objeto de curiosidade. Confiamos em que, lendo este livro, encontrarão nesses extraordinários fenômenos alguma coisa mais do que simples passatempo.

(10) A ciência espírita compreende duas partes: experimental uma, relativa às manifestações em geral; filosófica, outra, relativa às manifestações inteligentes. Aquele que apenas haja observado a primeira se acha na posição de quem não conhecesse a Física senão por experiências recreativas, sem haver penetrado no âmago da ciência.

Livro dos Espíritos, Parte Primeira, Das Causas Primárias, Capítulo I – De Deus

(11) PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS

4. Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus?

“Num axioma que aplicais às vossas ciências. Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e a vossa razão responderá.”

Para crer-se em Deus, basta se lance o olhar sobre as obras da Criação. O Universo existe, logo tem uma causa. Duvidar da existência de Deus é negar que todo efeito tem uma causa e avançar que o nada pôde fazer alguma coisa.

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